2 de fev. de 2010

Educação na corda bamba


Pesquisa da Unesco revela que o Brasil perde em desenvolvimento educacional para o Paraguai e a Bolívia

O Brasil está na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), perdendo para alguns dos países mais pobres da América Latina, como Paraguai, Equador e Bolívia. Este foi o resultado apontado pelo relatório Educação para Todos, divulgado na semana passada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).

De acordo com a pesquisa - que avaliou 128 países - em matéria de atendimento universal, alfabetização e igualdade de acesso à escola, o Brasil atinge bons índices e apresenta resultados acima de 0,900 – o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. No entanto, calculando o número de crianças que entram na 1ª série do ensino fundamental e conseguem concluir a 5ª série, o país despenca para 0,756.

Outro ponto crítico levantado pela pesquisa é a alta taxa de repetência na escola primária no Brasil. Enquanto a taxa de repetência na região da América Latina e Caribe era menor do que 4% em 2007, no Brasil, ela chegava a 19%.

Nos últimos dias, especialistas e educadores de todo o país discutiram as causas que envolvem a pontuação e as principais questões da qualidade educacional. Para a mestre em educação e coordenadora do curso de Pedagogia da UDC, Claudimery Chagas Dzierva, existe um conjunto de fatores que contribuem para o resultado apontado pela Unesco.
De acordo com ela, os investimentos na área de educação são mantidos pelo Governo Federal, o que ainda falta são políticas públicas efetivas. “Precisamos de políticas que possam desencadear ações em sala de aula”. Entre os exemplos citados por ela são a melhoria na formação profissional e continuada dos professores e a valorização salarial. “Existem recursos e tecnologias disponíveis, mas nem todos os professores sabem fazer uso das ferramentas como metodologia de ensino”, afirmou.

Desigualdade social
Conforme revelou o estudo, um dos grandes motivos da evasão escolar é ainda o fator econômico. “Milhões de crianças correm o risco de serem privadas de escola em conseqüência da crise financeira mundial”, detalhou a pesquisa. Para a pedagoga, enquanto uma criança passar fome, ela não conseguirá estudar. “A desigualdade social ainda é grande no país. Desta forma a prioridade é muito diferente. O processo ainda será longo”, concluiu.

Nacional
Publicada na revista Veja desta semana, a coluna de Lia Luft traz a tona um contraponto entre as tragédias mundiais e a educação no Brasil. “No clima de ufanismo que anda reinando por aqui, talvez seja bom acalmar-se e parar para refletir. Pois, se nossa economia não ficou arruinada, a verdade é que nossas crianças brincam na lama do esgoto, nossas famílias são soterradas em casas cuja segurança ninguém controla, nossos jovens são assassinados nas esquinas, em favelas ou condomínios de luxo somos reféns da bandidagem geral, e os velhos morrem no chão dos corredores dos hospitais públicos. Nossos políticos continuam numa queda de braço para ver quem é o mais impune dos corruptos, a linguagem e a postura das campanhas eleitorais se delineiam nada elegantes, e agora está provado o que a gente já imaginava: somos péssimos em educação”, declarou. De acordo com a colunista, que já foi professora universitária, o país precisa de novas ações públicas. “Qualidade e liberdade de expressão também são pilares da democracia. Só com empenho dos governos, com exigência e rigor razoáveis das escolas - o que significa respeito ao estudante, à família e ao professor - teremos profissionais de primeira em todas as áreas”.

2 comentários:

Kéty disse...

Parabéns pela matéria, Thays!
Infelizmente é a realidade..

Duda Rangel disse...

Olá, Thays. Parabéns pelos textos. Muito legais. E valeu por ter visitado o meu blog. Volte quando quiser, para conhecer outras roubadas da vida de um jornalista. Bjssss.