30 de nov. de 2010

Vou de vermelho!

Final de ano é sempre a mesma coisa. Começo a fazer planos e traçar os “novos” rumos da minha vida para o ano seguinte. É como se aqueles doze meses vividos não valessem nada. Ou até valessem, mas como pura experiência. Então decidi que este ano não faria planos. Não escreveria cartas para mim mesma e também não ditaria todas as coisas certas e erradas que fiz em 2010. Pensei somente em usar uma cor mais “significativa” no reveillon, já que eu acredito em superstições e neste ano – em que passei de branco – minha vida foi de total tranqüilidade. Diria que até demais para o meu gosto.

Lembrei que há três anos eu e minhas amigas combinamos de passar o reveillon com a calcinha vermelha. Acabou que todas passaram de calcinha e vestidos, saias e blusas vermelhas. Foi uma loucura! E como foi! Passamos a noite bebendo e fazendo planos de como seria o nosso ano. E acabou que ele foi cheio de paixões – para todas nós. 

O fato é que nenhuma dessas paixões foi duradoura (como já esperávamos), o que fez com que cada uma de nós partisse em busca de outra coisa, e então no ano seguinte cada uma passou de uma cor - Rosa, verde, azul, roxo e branco. Sabe Deus o que isso significa para um bando de doidas como nós. 

O fato é que mais um final de ano se aproxima e mais uma vez não vou estar com elas. O destino fez as cores mudarem de lugar e agora estamos uma em cada cidade, com seus sonhos e objetivos distintos. 
Mesmo assim, o que ainda importa e faz meu coração pular de alegria é receber a mensagem delas na noite do dia 31 com a seguinte frase: “não esqueça da calcinha”

É meninas, não vou me esquecer. Mesmo!

20 de nov. de 2010

A mudança de rotina nem sempre é boa, nem sempre é suave, 
nem sempre chega como a gente quer. 
Ando desligada do mundo. Desligada da mente. Desligada de mim. 
Tanta coisa já não importa mais. Tanta coisa ficou para trás. 
Hoje descobri que o acaso não existe e que tudo, tudinho sempre esteve preparado pra mim. 
A felicidade pode sim ser passageira, mas nunca deixará de ser felicidade.

15 de nov. de 2010

Quando mudar já não era a palavra...

Passei a ler mais depois que você foi embora. Também tive tempo para arrumar as gavetas e deixar o guarda roupa em ordem. Resolvi pintar a parede da sala de laranjado – aquela cor que você disse detestar quando vimos na loja de móveis - e depois de pronto comprei um mural lindo para encher de fotos e decorar a casa.
Também mudei o corte e a cor dos meus cabelos, deixei as unhas crescerem e resolvi usar batom vermelho de vez em quando. Estou cinco quilos mais magra e isso se deve ao fato de minha alimentação ter voltado ao normal. Não estou mais me entupindo de batatas fritas, pizzas e refrigerantes. Estou trabalhando mais e pensando em fazer curso de italiano. Também voltei a natação e as aulas de yoga,
E o que você deve estar super feliz em saber é que eu finalmente parei de fumar. Pois é, fui parando aos poucos e de repente me vi sem fumaça por perto. Estou como todo bom ex-fumante: com raiva de cigarro, especialmente do cheiro dele. Por isso fui até a loja da esquina comprar novos incensos e de repente observo você, parado, olhando para o relógio do pulso.

Não contive meu sorriso, mas logo pensei: Ele não muda mesmo. Está sempre olhando para esse maldito relógio! Porque diabos você olha para o relógio ate mesmo em uma loja de artigos esotéricos?
Como você não me viu, pensei em não cumprimentar. Seria estranho chegar perto para um “Oi, tudo bem?”. Para mim, bastava um olhar distante. Observei tudo ao seu redor e notei que estava acompanhado de um amigo. Paguei a conta e sai de fininho, com medo de ser notada.

Ao chegar em casa, acendi meu incenso e bati no peito pelas grandes mudanças na minha vida. Eu estava melhor, satisfeita, equilibrada e sozinha. Aliás, nunca tinha estado tão sozinha. A solidão bateu a porta meses depois do nosso fim de relacionamento. Foram quatro convites para ser madrinha de casamento. Todos eles me atingiram dos pés a cabeça. Não era somente pelo fato de estar ali, de braços dados com homens que jamais tinha visto na vida, mas pela sensação de perda das amigas. Todas casaram e posso contar nos dedos às vezes que recebi uma ligação ou visita de qualquer uma delas.

Entendo que o momento seja de festa e lua de mel, mas enquanto isso, vou cavando minha solidão entre as pinturas da sala e o som da vitrola. Sabe de uma coisa? De que adianta ter lido tantos livros, se não tenho  pra quem comentar depois? De que adianta arrumar a casa, as gavetas e decorar a sala, se no mural não existem mais nossas fotografias? De que adianta o curso de italiano se a viagem a Roma era um dos nossos planos? Quer saber?  Nem gosto tanto assim de batom vermelho e meu cabelo já voltou a crescer. Também já roí as unhas e desisti da natação (estava ficando com braços de mulher macho). Ainda estou firme na alimentação, mas luto todos os dias contra o refrigerante. (E sonho com aquela pizza de calabresa de perto da sua casa). Estou na Yoga porque ela sim mantêm minha mente equilibrada para que eu não faça nenhuma loucura.  E quer saber de mais uma coisa? 
Estou indo agora mesmo a padaria comprar cigarros.

13 de nov. de 2010

"Estranho é que não escolhi. Não consigo precisar o momento em que escolhi. Nem isso, nem qualquer outra coisa, nem nada. Foram me arrastando. Não houve aquele momento em que você pode decidir se vai em frente, se volta atrás, se vira à esquerda ou à direita. Se houve, eu não lembro. Tenho a impressão de que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer. O problema é que essa coisa talvez dependa de uma outra pessoa para começar a acontecer."

Caio Fernando Abreu

1 de nov. de 2010

Meu mundo Bridget Jones

Minha família é um tanto quanto diferente do que se intitula “tradicional”. Talvez esta nem seja a palavra adequada quando o assunto em questão é o casamento. Depois que um dos primos resolveu noivar, a turma toda se animou. (Menos eu, é claro!). Dos quatro filhos da dona Anita, todos casaram. (Mãe e tia no civil e no religioso, os dois tios resolveram se ‘juntar’, como eles dizem). Dos nove netos da minha avó (sendo sete homens e duas mulheres), a contagem dos namoros começou diferente da escala por idade. Esperava-se que o neto mais velho casasse primeiro, mas ele preferiu se ‘juntar’ e está junto há mais de dez anos. (O que eu acho lindo por sinal!). O segundo da escala dos mais velhos sempre foi um ‘puto véio’, como eu costumo chamar. Mas nessa de mil e um amores, ele deu de presente para a minha avó o primeiro bisneto, que por sinal deixou ela boba que só vendo. Então um dos primos de ‘meia idade’ (passado dos 25) resolveu noivar com a namorada. Depois dele um dos mais novos também noivou e em menos de um ano casou no civil e religioso. Daí o irmão mais velho do atual casado sentiu aquela pressãozinha básica e resolveu anunciar o noivado. Agora estamos assim: a espera de mais um casamento na família. Enquanto isso, quem não casou pelo menos namora. Exceto eu, minha irmã, o ‘puto véio’ e o João Victor, que tem dez anos. A alegria é constante, diga-se de passagem. Depois que a turma casa, os encontros de família ficam ainda mais cheios de gente e as conversas sempre são produtíveis... A não ser quando chega o Natal. Oh data que me mata! Aliás, mata eu, minha irmã e o ‘puto véio’, que finge não mais ligar, já que agora ele tem um filho. Bem, ele tem um filho, mas não está casado  daí começam aquelas conversas de toda boa  velha família. Vamos ao diálogo com a minha pessoa:
- Cadê o namorado Thays?
- Não estou namorando tio! To curtindo a solteirice!
- Ah! Mas não pode, assim vai ficar pra titia.
- (Pausa para o meu riso forçado)
- Onde já se viu. Passou dos vinte e sem namorado vai ficar encalhada.
- (Risos gerais da família).
- Mas eu não preciso necessariamente namorar, casar e ter filhos antes dos trinta não é tio?
Aí pronto. Toda a família resolve dar palpites, lembrar dos seus ex- namorados que eram ‘queridíssimos’, fazer sugestões quanto ao meu comportamento agressivo e assim por diante.
Parto para o meu mundo Bridget Jones e penso em responder: “E vocês, que estão casados há mais de vinte anos, como andam as trepadas? Vocês ainda fazem sexo ou já se cansaram da cara um do outro?”. É lógico que todos estes pensamentos ficam para o meu mundinho interior. Nos natais e em qualquer festa que o diálogo acima aconteça eu apenas me finjo de louca, bebo meu champanhe, fumo meus cigarros e logo após a ceia me jogo na rua pra dançar até o esqueleto cansar. Afinal, qual o problema em não ter namorado? Qual o problema em pensar diferente dos seus primos? Talvez se existisse uma prima casada a situação seria ainda mais deprimente.
Minha avó que tem 73 anos já se acostumou com esse jeito louco da neta. A netinha ‘mais velha’ foi a primeira a namorar, a primeira a colocar piercing, a fazer tatuagens, cortar o cabelão e se aventurar a ser jornalista. Tudo isso pra uma família que descende de alemães é quase como se auto-deserdar.
Minha avó sempre diz que eu sou a neta mais doida que ela tem, mas também se orgulha (e ela diz isso) em saber que aos 16 anos euzinha já pagava a mensalidade da escola.
Até hoje, quando pego carona com meu primo advogado-que-usa-terno-e-gravata, ele diz: você quer quanto pra tirar esse piercing do nariz? Ou então, se vou trabalhar com uma blusa meio aberta nas costas (local que encontra-se tatuado), o comentário é sempre o mesmo: Ta calor hoje né?
Infames ou não, são os comentários do meu primo certinho, que de tão certinho é um dos caras que eu mais amo na vida!
Então meus amores, parentes e afins, antes de começarem com as perguntinhas infames e os comentários maldosos sobre a vida de uma solteira-feliz-a procura, fiquem cientes de que pra tudo tem uma resposta. E talvez ela não seja tão bem vinda quanto a chegada de um novo namorado. (Nénão?)

Ps.: No fundo no fundo, natais sem comentários maldosos dos titios são como festas sem bebedeiras. A gente nunca se diverte como deveria.