19 de set. de 2007

A banalização do Jornalismo Cultural

O não reconhecimento desta linha editorial acaba empobrecendo a imagem e tornando-a carente em estrutura e linguaguem


Thays Petters

O senso comum e até mesmo a imprensa brasileira trata o jornalismo cultural como a prática de emitir opiniões sobre livros, filmes, peças teatrais e novelas, algo decorativo ou secundário. O que poucos sabem é que ele vai muito além das críticas e é, sobretudo, um exercício de aprimoramento e busca da informação.
Embora muitos não agreguem valor ao jornalismo cultural, exatamente por defini-lo como “menor” ao nível de outras edições, já podemos concluir que esta área, além de trazer informações e ganhar jovens leitores a cada dia, é um debate de idéias, é talentoso, exibe criatividade, conceito e estrutura. Ele se destaca pelo diferencial, sem fugir das características de um bom texto jornalístico. E o mais importante; ele vai além do objeto analisado.
Segundo o jornalista e escritor Daniel Piza, autor do livro “Jornalismo Cultural”, o empobrecimento do jornalismo já atingiu as redações, que julgam como “fácil” e “simples” a tarefa de um repórter cultural. Para ele, este julgamento deve acabar. “O conceito de que ‘emitir opiniões é fácil’ é o primeiro item a ser combatido.
Piza já trabalhou no Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo e na Ilustrada da Folha de S. Paulo . Foi editor do Fim de Semana da Gazeta Mercantil entre 1995 e 2000, quando retornou ao Estadão como editor executivo e colunista cultural. Em seu livro, aspectos históricos unem-se ao atual. A crítica e o passo a passo é “ensinado”, de maneira com que o leitor entenda realmente o jornalismo cultural.
O autor cita no capítulo 2, três formas errôneas de se fazer edições de cultura. São elas: “O excessivo atrelamento à agenda – ao filme que estréia hoje, ao disco que será lançado -; a qualidade dos textos, especialmente dos que anunciam lançamentos, que pouco se diferenciam dos releases, a não ser por alguns adjetivos; e a marginalização da crítica, sempre secundária, com poucas linhas e pouco destaque visual, mais e mais baseada no achismo, no palpite, no comentário mal fundamentado mesmo quando há espaço para fundamentá-lo”.
Não só Daniel Piza, como dezenas de jornalistas têm buscado a cada dia uma maior definição a respeito do tema.
Os desafios, como Piza destacou, não são pouco. Os prazeres também não. Mesmo assim, existe um número respeitável e sólido de leitores interessados em jornalismo cultural de qualidade; havendo sempre espaço a ser criado e recriado com persistência para quem se dispuzer a produzi-lo.


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