24 de out. de 2009

Dá-lhe cinema nacional!


Foz do Iguaçu está debaixo d'agua. Durante toda esta semana, fortes temporais atingiram a fronteira e mais uma vez, causaram estragos enormes em muitos bairros.
Realmente, a situação tá feia, e pela previsão, a chuva continua nos próximos dias.
Com chuva, preguiça e pouca disposição para conversas, resolvi aproveitar o sábado para ver alguns filmes.

Comecei com 'Verônica', um filme brasileiro de Maurício Farias, com Aldréa Beltrão, Marco Ricca e Matheus de Sá. O filme conta a história da professora Verônica, uma mulher guerreira e incansável, que trava uma luta contra o tráfico do Rio de Janeiro para proteger seu aluno, o pequeno Leandro. Pelo desejo de justiça, ela encara o perigo, o medo e as trapaças para defender a vida de uma criança injustiçada pelo crime.

Pelo atual momento em que vive o Rio de Janeiro (e dá-lhe Olimpiadas!), vale a pena assistir Verônica, e acreditar, pelo menos, que o cinema nacional, vai muito bem obrigado. Ao contrário do que anda acontecendo nesse nosso brasil (com letra minúscula).

Bom sábado, bons filmes e boas coisas!

22 de out. de 2009

O café da padaria

As flores finalmente estavam nascendo no jardim. Depois de tanta chuva e dias tristes, elas começaram a desabrochar, assim como o próprio coração, que estava calmo e feliz. Era tempo de esperar e construir os sonhos pouco a pouco. Ela não estava sozinha. Ele estava ali, ao lado, puro de sentimentos e desejos. Disposto, a junto com ela, dar início a uma nova vida e cuidar das florzinhas que ali brotavam.
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Mais um dia chegava, e como todas as manhãs, ela se trocava para ir ao trabalho. Já vestida - com o coração na boca e a felicidade estampada no rosto - passava pela padaria para levar seu pãozinho com manteiga e o café com leite até o trabalho
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O velho hábito logo daria lugar a uma nova rotina. Ela não mais tomaria café da manhã sozinha, e também não pediria as três gotas de adoçante. Ela estaria ao lado dele. Sentiria do quarto o cheiro do café na cozinha. Acordaria cedo para comprar os pães e o deixaria adoçar o café com açúcar.
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Futuramente, e ali, tão perto, todos seus desejos seriam realizados. Eram dois corpos, dois amores que um dia se encontraram. Duas pessoas com pensamentos em comum. Duas vidas.
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O sonho daria lugar a uma linda realidade, regada a boas conversas, inspirações e poesias. Tudo acontecia como previsto. Ainda que ela precisasse tomar café da manhã sozinha, logo eles estariam juntos, dividiriam problemas, felicidades e trocariam infinitos carinhos.
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A semana acabou, as conversas diminuíram, mas o sonho perpetuava. Havia muita coisa a ser feita, a se pensar. Quantas responsabilidades dividiriam estes dois.
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Alguns dias se passaram e ela voltou até a padaria. Naquela quarta feira, ela trocou o pão pela carteira de cigarro e pediu apenas uma xícara de café, preto e amargo. Amargo como a chuva que caia lá fora, deixando novamente as flores murchas. Amargo como a metade de um filme visto um dia antes e o final de um livro de auto-ajuda.

Amargo, pela decepção com o tempo, que fazia ela voltar a padaria, e deixaria ele, sozinho com o próprio açúcar.

19 de out. de 2009

Enquanto me pergunto sobre os porquês da existência, vou lá e vivo.
Esqueço do pensamento e parto para a realidade
Aquela sem tantas cores como nos sonhos
Verdadeiramente cruel
E docemente apimentada

Toda esta minha forma de expressão parte de simples princípios
Ninguém nunca me perguntou nada
Eu não precisei dar explicações de nada
Então resgato os dramas, as histórias sem fim, as desilusões amorosas
E o desgaste emocional.

Estranho pensar numa existência em que até agora
Tudo que já foi vivido se transforma num verdadeiro ‘nada’ de coisa nenhuma.
Mais estranho se isso fosse verdade

Mas não é.



Ps. Se não entendeu, nem tente entender. Isso é para mim mesmo.

16 de out. de 2009

Ausência


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade

9 de out. de 2009

Receita para um dia feliz


- Três colheres de cumprimentos matinais
- Duas xícaras de beijos (na boca)
- Três xícaras de abraços gostosos
- Quatro pitadas de elogios
- Amor a gosto

Bata tudo no liquidificador e aos poucos acrescente planos, sonhos, sorrisos, carinhos, cumplicidade, respeito, compaixão e fé.

Essa receita não precisa ser assada, cozida ou colocada na geladeira.
Mantenha em temperatura ambiente.
Um outro detalhe: ela dura para sempre! Basta querer!

6 de out. de 2009


Escrevo a dor pelo acaso
Prefiro um dia de sol
Deixa a chuva pra depois
Quero risos e alegrias
Carinhos e beijos
Quero a fantasia das noites
E o bom dia da primavera.

Deixa, deixa ela ir.

4 de out. de 2009

De ontem em diante

De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes, um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...

Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem

Fernando Aniteli