A modernidade nos ensina muitas coisas, mas também retarda outras. Conheci pessoas que por muitos motivos, foram criadas por avós ou babás. (Vale lembrar que a maioria tem acima de 20 anos). Como educação vem mesmo de berço, tanto avós quanto babás faziam o que era possível para educar uma criança. Mesmo que a babá não tivesse estudos, ela sabia classificar algo como certo ou errado. E se preciso fosse, não evitava em dar uma palmada no bumbum. As palmadas nunca serviram pra machucar, e sim uma forma de ‘alerta’ para não acontecer de novo. Se hoje, pensarmos nisso, a babá corre o risco de ser processada pelos pais da criança. Inúmeros são os crimes que poderiam constar no ‘currículo’ da babá, porque sem dúvida, ninguém pensaria pelo lado positivo; a vontade dela em querer ajudar.
Vejo, e com freqüência, a impossibilidade de muitos pais criarem seus filhos e optarem por babás para ‘fazer o serviço’. Elas, - que na maioria das vezes também realizam o trabalho doméstico – fazem de tudo para educar bem a, ou as crianças. Daí, que na maioria das vezes, essas crianças são pestes, desobedientes, hiperativas, - e não querem saber de nada. Como já nasceram ‘modernas’, elas entendem que a babá também é ‘empregada’ delas, e como ‘super modernos’ que são, sabem muito bem que se ‘algo’ acontecer, a babá será demitida.
Ou seja: as crianças estão sempre certas. Foda-se a babá!
Não quero aqui generalizar. É claro que existem péssimas babás, assim como existem ótimas crianças. Quero apenas lembrar que alguns dos nossos valores estão se perdendo com o passar dos anos. O que antes era tratado como forma de educação, hoje trata-se como crime.
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Vou dar alguns exemplos; a Carol, minha vizinha, amiga e quase uma irmã, foi criada pela Cida (empregada da casa). A mãe da Carol sempre trabalhou fora, e a Cida era quem cuidava dos seis filhos. (Leia-se bem: SEIS filhos!) Entre eles, estava a Carol, a mais novinha e também arteira. Onde tinha confusão e bagunça, lá estava a Carol, e em alguns minutos estava também a Cida, buscando a dona moça.
A Cida usava varinha (é aquelas de árvore mesmo) pra ameaçar a Carol, que por sinal não dava muita bola. A Cida nunca usou a força para educar, apenas umas palmadas por cima da fralda (o que não fere ninguém). Era ela quem limpava a casa, fazia almoço, esquentava a mamadeira com leitinho. Era Cida que fazia a Carol dormir, e era a Cida que ficava com as crianças até tarde da noite. É claro que a educação mãe sempre foi fundamental, mas a Cida foi a base para a educação das crianças. Eu só sei de toda essa história porque minha amiga me conta com orgulho da infância que teve a Cida como personagem principal.
Então hoje, quando vejo a babá de outro vizinho passeando com duas crianças e um cachorro, e sem autonomia para lidar sequer com o vira-lata, eu fico triste. Triste em ver que ela obedece a regras impostas pelos patrões, onde o bem estar e a alegria das crianças vem em primeiro lugar, independente da boa educação.
Em um simples passeio pelas ruas, vejo duas crianças completamente mal educadas. Correndo pelas calçadas, atravessando a rua sem olhar para os lados, gritando, querendo isso, querendo aquilo, provocando os cachorros da vizinhança e por aí vai. Olhando da minha janela em pouco menos de cinco minutos, percebi que a pobre é realmente uma pobre coitada. Não tem direito a nada, muito menos a falar um ‘não!’ para os pequenos. E é desta forma que o Brasil anda.
Eu penso apenas de uma forma: Se não terá tempo para estar com a criança, não tenha filho. Não coloque no mundo alguém que estará sempre livre a tudo. Não coloque no mundo alguém que verá nas regras apenas mais uma forma de desobediência. Não construa mais um monstro pra esta pobre sociedade.