23 de nov. de 2009

A rotina

Era 7h45 de uma segunda-feira de verão. Acabara de sair de casa, atrasada, por conta da noite preguiçosa de domingo. Havia dormido mais que o normal, e como explica a lei de Murphy, quanto mais ela dormia, mais sono teria, e assim, sucessivamente.

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Ao caminhar pela rua, olhava nas vitrines das lojas para arrumar o cabelo e tentar desamassar o rosto. Era 7h58 e ela ainda estava longe. De repente, o celular toca e o desespero: procurar o aparelho em meio a tanta bagunça de uma bolsa que não havia existido durante o final de semana.

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Enfim, depois de seis toques, ela atende.

Era ele!

Essa tal de bina eletrônica é desagradável, mas um tanto quanto eficiente no quesito coração. Com sorriso no rosto, ela ouve um singelo: ‘Bom dia meu amor!’

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Há pouco haviam tomado café juntos, mas como ele não escapava a regra, ligara para desejar um bom dia de trabalho. Ainda que rotineira, as ligações diárias eram sempre surpreendentes, fosse pelo horário, pelo tom da voz ou pela frase que a fazia feliz todas as manhãs. Nada daquilo era cansativo. Pelo contrário, ela jamais imaginou encontrar um homem capaz de fazer todos os dias a mesmas coisas sem perder o encanto e a magia.

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Eram poucas as palavras ditas, mas o suficiente para deixá-la feliz ao longo do dia, independente dos problemas. Logo mais, ao final do expediente, ela volta para a casa, com flores nas mãos para enfeitar a sala e novos incensos com essência de maçã-verde – a preferida dele.

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Já no seu melhor refúgio, ela prepara a mesa, com pães e café com leite. No mesmo instante, vem à cabeça a música do primeiro encontro; ‘eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar, e de você e de mim’. Bendito Nando Reis, pensara!

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Enquanto a vida no mar não vinha, eles eram felizes na cidade. E ainda que a buzina dos carros a incomodasse para dormir, a alegria era estar ao lado dele.

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O relógio apontou 19h15.

Ela, deitada na sala, lendo as páginas de um novo livro, soltou aquele sorriso bobo, que ninguém poderia ver, mas só ela poderia sentir.

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Ouvia os passos, ele estava chegando...

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E nunca, em toda a sua vida, o barulho das chaves na maçaneta faria tanto sentido.

Era ele sim, o homem que entrara em sua vida, mudando as cores do cotidiano e transformando a rotina em um parque de diversões.

3 comentários:

Unknown disse...

Querida, aproveite bem essa "rotina".... e que nunca deixe de existir, o significado, a tensão da espera, o frio na barriga...curta muito...seja feliz. "E que seja infinito eqto dure."
Amo vc minha flor. Bjs

nina percheron disse...

lindo isso! lindo mesmo!

Kéty disse...

Oun...
será q semana que vem minha rotina vai ter todo esse encanto?
espero que sim! :D