Ê viva o Carnaval, a folia, a animação, a cultura popular brasileira!
Viva os bêbados dirigindo, as mulheres com peitos de fora, as surubas do circuito Barra-Ondina! Viva o axé, a sensualidade, o carisma! Viva as crianças aprendendo sobre sexualidade antes da hora, os vômitos espalhados em plena avenida do samba, viva as doenças sexualmente transmissíveis.
Ops! Viva a camisinha, e a nostalgia do carnaval.
Francamente? Viva mesmo quem sabe aproveitar a vida sem ter o carnaval como motivo de extravagância. Essa tal ‘irreverência’ a que muitos se referem, pra mim nada mais é do que uma grande desculpa esfarrapada. Em partes, devo admitir, detesto o carnaval. Para não generalizar, confesso: costumo ver as escolas de samba do Rio de Janeiro desfilar, mas é apenas isso. O que realmente me atrai nelas são as histórias. O tema, a criação do samba-enredo e os detalhes – que são revelados pelos narradores. Este ano, por exemplo, a Vila Isabel vai homenagear Noel Rosa, e provavelmente eu deva assistir, ou ao menos acompanhar a reprise.
Mas, ainda que isso seja uma colaboração à cultura, não consigo enxergar o carnaval com bons olhos. Não hoje. Porque sei que antigamente a coisa era outra. A brincadeira era outra. Mamãe e papai, por exemplo, se conheceram em um baile de carnaval. É bom lembrar que eu não teria existido se não fosse o ‘tal’.
Vai ver é por isso, que atualmente meu desespero é tão grande. Por eu não conseguir comparar o carnaval dos últimos anos com as fotos dos meus pais fantasiados e brincando no meio do salão.
Em resumo, o carnaval é assim: eu aqui e o resto do mundo lá. Eu aqui, curtindo minha nostalgia e o povo lá, aproveitando (da maneira que consideram certa).
Enquanto alguns esperam para “começar o ano”, o meu já começou faz tempo. Aliás, estamos quase em março e eu ainda perco tempo escrevendo sobre isso.
É o fim mesmo.
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