26 de jun. de 2011

A dor que mais dói


“Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade (...)”

O poema acima da Martha Medeiros é um dos meus favoritos. Daqueles que eu releio com frequência e sempre cito para algum amigo apaixonado e cheio de saudade. Gosto dele pela simples comparação entre o amor e a dor, pela sutileza das palavras e pela forma com que a autora explica o presente e o futuro dessa saudade. Gosto principalmente por entender cada uma dessas frases e não me sentir a mais solitária das mulheres. (Leia o poema na íntegra).

“A dor que mais dói” me veio à cabeça recentemente, quando ouvi de uma pessoa muito especial o desabafo sobre a descoberta de uma traição barata. Pensei naquela dor como no dia em que conheci a minha dor. (A mentira dói e muito mais que um dedo trancado na porta).

A não ser quem já foi traído, ninguém mais é capaz de compreender os sentimentos de fúria e depressão que tomam conta da gente. Tudo de torto, de cruel e paranóico passa a fazer parte das nossas idéias, dos nossos dias, das nossas noites. Vingança é só a primeira palavra de uma frase de efeito banal que realmente não levará a nada. Por isso a busca entra como um bom remédio para aliviar as dores.

Buscar um novo curso de idiomas, um novo trabalho como freelancer, um novo livro, uma academia. Buscar a paz de espírito e o conhecimento em qualquer lugar que seja. Nessa busca, inclua também os novos amigos, daqueles que você poderá dar boas gargalhadas num sábado à tarde ou ir ao cinema no domingo à noite e beijar muito, por horas seguidas.

Acreditei nessa busca e hoje a enxergo como uma grande aliada.

E já que a idéia é não poupar conselhos: esqueça essa balela de tempo. A dor da traição demora pra passar e talvez nunca passe. O que passa são esses sentimentos bobos e essas perguntas malucas que norteiam nossa cabeça. Aliás, umas boas taças de vinho também ajudam.

“Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer"

6 de jun. de 2011

O tempo não cura tudo.

Aliás, o tempo não cura nada.

O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

Martha Medeiros